[Essa é nossa primeira semana escrevendo esta coluna. Nós vamos falar justamente sobre artes, mas estamos cansadas de Picassos, Mondrians, Monets, Mirós e Michelangelos. Queremos estudar e divulgar a criação das minas, das muiés, dazamigas que fazem todos os tipos de arte: literatura, fotografia, cinema, pintura, escultura, graffiti… o que for! Queremos arte em que as mulheres são protagonistas, e não apenas musas e modelos. Aqui começa o nosso ateliê, onde experimentaremos de tudo. Obrigada!
Equipe da área de artes: Cheddar Carangi, Clara Browne, Beatriz Leite, Beatriz Quadros, Domenica Morvillo, Helena Zelic, Heleni Andrade, Isadora Almeida, Laura Miranda, Mariana Paraizo, Taís Bravo, Verônica Vilela e Rebecca Raia (coordenadora).]
Ann Hamilton, Estadunidense, artista visual, 1956 –
Ann Hamilton nasceu em 1956 em Lima, Ohio – uma cidade pequena, bem pequena, daquelas cidades estadunidenses meio caipiras que vemos em filmes – e reside no estado de Ohio até hoje.
Ela estuda arte como extensão de nossa existência física: são objetos, instalações e projetos multimídia, às vezes interativos, às vezes para observação, caracterizados pela proximidade que criam com o observador. Embora sejam enormes, esses trabalhos são criados com o intuito de se tornar íntimos para o publico. Hamilton explora a relação entre luz, sombra, tecidos e linguagem escrita, mexendo com nossa imaginação, razão e memória.
Conheci a Ann Hamilton em um documentário do canal norte-americano PBS, chamado Art-21.
Um dos trabalhos que ela apresenta nesse episódio, “face-to-face” (2001), consiste em fotos feitas com uma camera pinhole preparada dentro da boca da artista. “face-to-face” é diferente dos outros trabalhos de Ann Hamilton. As fotografias têm o formato de pupilas, como se Hamilton estivesse vendo o mundo com a boca. Embora seja uma obra distante das usuais enormes instalações, ainda é um trabalho que transmite intimidade. Vemos um pouco do mundo da artista com “os olhos” dela.
“The Event of a Thread” é uma instalação multisensorial. Hamilton criou um espaço para o publico ler, escrever, escutar, sentir. No manifesto da artista sobre o trabalho, ela cita seu objetivo de demonstrar como interagimos uns com os outros mesmo quando praticamos atividades individuais e cotidianas – que estamos conectados nas pequenas coisas. Hamilton também chama a atenção para a individualidade dos eventos do cotidiano: “Nenhum evento é sempre o mesmo… porque tudo é um ato de atenção”.
Você pode conhecer mais sobre o trabalho de Ann Hamilton no site dela. Não temos instalações dela no Brasil, mas no site tem muitos videos (alguns com legenda em português) e fotos!
Rebecca Raia é uma das co-fundadoras da Revista Capitolina. Seu emprego dos sonhos seria viajar o mundo visitando todos museus possíveis e escrevendo a respeito. Ela gosta de séries de TV feita para adolescentes e de aconselhar desconhecidos sobre questões afetivas.