Quando se fala em conquista, sempre vêm à cabeça histórias grandiosas, histórias que acabam fazendo com que a gente se sinta menos por achar que nunca vamos conquistar nada disso. Nem preciso falar como esse sentimento é problemático, né? Ao focar nisso, acaba-se esquecendo de coisas importantíssimas.
Uma delas é que somos muito novos e que é normal não ter uma lista imensa de conquistas. A pressão da sociedade é tanta que, mesmo inconscientemente, acabamos comparando nossa história de vida com a de pessoas que têm grandes feitos, e por isso é inevitável que a gente acabe se diminuindo. E daí que, com a sua idade, a cantora X já tinha tantos mil discos vendidos e a atriz Y já tinha estrelado diversos filmes?
Cada pessoa tem seu próprio ritmo, cada pessoa tem suas próprias qualidades, e mais importante que isso é lembrar-se sempre que essas pessoas com conquistas prematuras são exceções à regra; não é comum descobrir uma carreira de sucesso aos 16 anos. É normal não saber o que quer fazer da vida nessa idade. É tão complicado o sistema de ensino brasileiro meio que exigir que a gente já tenha uma vida decidida tão cedo, sabe? Na adolescência, é comum achar que quer alguma coisa e depois descobrir que na verdade não gosta daquilo; muitas vezes nossas prioridades são outras e nós não temos muita noção do que significa de fato seguir determinada carreira. Quantas pessoas entram na faculdade e depois decidem que não é bem aquilo que queriam? Isso aconteceu comigo, por exemplo. Me formei em audiovisual e me percebi meio descrente do cinema de maneira geral; decidi, então, que queria fazer outro curso. É claro que nem todos têm essa oportunidade de fazer outra graduação, mas é algo que passa pela cabeça de muitos jovens: “será que estou fazendo a escolha certa?”
E isso vai além do âmbito profissional. A sociedade nos mostra que, além da necessidade de uma carreira sólida e bem-sucedida, nós devemos também ter uma vida amorosa encaminhada e nos moldes. E aí você se vê com 19 anos, sem saber o que quer fazer na faculdade e sem nunca ter tido um namoro, e se acha um fracasso por não ter conquistado essas duas coisas que nos são impostas como pilares do sucesso. Acredite, essa crise aconteceu comigo e com metade das pessoas que eu conheço.
Pois bem, venho aqui lhe dizer que está tudo bem. Não é porque você não sabe muito bem o que quer e nem porque nunca namorou que você não conquistou nada na sua vida. Um método interessante para lembrarmos que não somos menores por termos conquistado pouco na juventude é tentar sempre enxergar as pequenas conquistas que acontecem no dia a dia. Os meios que te levam a grandes feitos são pequenas conquistas igualmente importantes na sua vida. Eu tenho para mim que o processo inteiro conta, e o caminho que se percorre é tão importante quanto chegar lá. Qual seria a graça de conquistar algo se você não tivesse um percurso a fazer? É muito melhor conseguir aquele trabalho dos sonhos se você ralou para isso. Por exemplo: eu sempre tive o sonho de fazer intercâmbio de trabalho na Disney e, após quase dois anos de processo seletivo — tendo sido reprovada na primeira vez que tentei —, recebi um e-mail que dizia que eu tinha conseguido a vaga. Tudo que passei para chegar até a aprovação fez a minha conquista ser mil vezes melhor e mais satisfatória, e fez com que eu aproveitasse muito mais meu intercâmbio.
Sabe aquela prova para a qual você estudou muito e na qual conseguiu ir bem, aquele trabalho que foi elogiado pela professora, e até mesmo aquele elogio que você recebeu da moça no elevador? Essas coisas podem e devem ser contadas como conquistas. Se são importantes para você, mesmo que não sejam para a sociedade, também são conquistas! Conseguiu muito passar de fase naquele jogo que você julgava impossível? Conquista! Conseguiu decorar a letra daquela música que você vivia tentando cantar e se embolava inteira? Conquista! Acabou aquele livro que você queria ler mas nunca achava tempo? Conquista! É bom a gente dar valor para essas coisas pequenas que, para outros, podem não significar nada; isso nos lembra sempre como é bom sentir o gosto de conseguir algo que queremos, e nos prepara para as conquistas maiores que estão por vir — e para o caminho que percorreremos enquanto conquistamos.
Marina tem 25 anos, mora em São Paulo, é formada em Audiovisual e cursa Produção Cultural. É apaixonada pela cor amarela, por girassóis e pela Disney. Ouve música o dia inteiro, passa mais tempo do que deveria vendo séries e é viciada em Harry Potter (sua casa é Corvinal, mas reconhece que tem uma parte Lufa-Lufa).