Escrevemos esta carta nos últimos minutos restantes antes de o novo site ir ao ar. O mês foi tão turbulento que nós simplesmente nos esquecemos desse compromisso mensal com vocês! Imperdoável, é verdade. Mas é que as conquistas têm esse efeito colateral: a alegria é tanta que pode nos cegar, nos atordoar e também tirar o nosso tempo. Em setembro, estreamos colunas, vlogs, convidamos mais colaboradoras, inauguramos um layout mais moderno e intuitivo, lançamos um livro na Bienal. Uau! Todas essas coisas incríveis tiram nossos pés do chão e colocam nossas cabeças na lua: a gente está praticamente flutuando por aí.
A sensação é uma delícia! É viciante. Estamos fincando a nossa bandeirinha em espaços que não são nada receptivos a meninas adolescentes, a garotas negras, a mulheres lésbicas e bissexuais, a pessoas trans. E estamos fazendo isso juntas, de mãos dadas. Talvez, por causa disso que tenhamos conseguido todas essas conquistas, porque estamos lado a lado nos apoiando nos momentos mais difíceis e nos momentos mais maravilhosos. E tudo isso é digno de comemoração, de abraço em grupo e de trio elétrico na avenida. Mas não é a linha de chegada. Então é importante voltar à Terra e não deixar que a grandeza e a vaidade distorçam nossas prioridades. O compromisso é – e sempre vai ser – com vocês. Com as que estiveram ao nosso lado desde o início e possibilitaram cada pequeno avanço. Com as que entraram nesse bonde no meio do percurso e desde então não pegam outro caminho. Com as que nós infelizmente ainda não alcançamos porque internet e livros são bens de luxo. As conquistas são importantes, mas vocês são muito mais.
Nessa edição, vamos tratar daquelas vitórias pessoais que no fim das contas não são bem o que imaginávamos. De como territórios não são lacunas a serem ocupadas, de como mulheres não são objetos a serem dominados. A gente vai falar sobre os pequenos feitos de imperadores e sobre os grandes feitos de grupos minoritários. Também vamos te contar que é importante celebrar as conquistas das amigas sem pensar que você está ficando para trás. E vamos comemorar, claro, juntinho com vocês.
Lorena tem 26 anos e mora no Rio, embora tenha crescido nos subúrbios da Internet. Trabalha com análise de roteiros televisivos, avalia manuscritos literários, traduz e revisa obras em inglês e escreve por aí. É igualmente fascinada pelo gracioso e pelo grotesco. Adora filmes de terror, livros de fantasia, arte surrealista e qualquer coisa que não carregue o mínimo semblante de realidade. Tem empatia até por objetos inanimados e queria ser um urso ?•?•?
Clara nasceu em 1994 no Rio de Janeiro, mas se mudou para São Paulo ainda pequena. Estuda Letras e sempre gostou mais de poesia do que de prosa. Ama arte moderna, suéteres e o musical Jesus Cristo Superstar. Aprendeu a fazer piadas com seu nome e sobrenome por sobrevivência. Em setembro de 2013, teve a ideia da Capitolina, a qual co-editou até setembro de 2016. Hoje em dia, ela escreve pra um montão de lugares. É 50% Corvinal e 50% Lufa-Lufa.
Sofia tem 25 anos, mora no Rio de Janeiro e se formou em Relações Internacionais. É escritora, revisora e tradutora, construindo passo a passo seu próprio império editorial megalomaníaco. Está convencida de que é uma princesa, se inspira mais do que devia em Gossip Girl, e tem dificuldade para diferenciar ficção e realidade. Tem igual aversão a segredos, frustração, injustiça e injeções. É 50% Lufa-Lufa e 50% Sonserina.