Apertem os cintos, pois este mês de julho na Capitolina o tema é viagem. E nada de lamúrias se você vai passar as férias todas na sua cidade (também é o caso de muitas de nós aqui), pois viajar na própria cidade também é um tipo de viagem, assim como é mergulhar em um livro ou em um anime – e nós vamos falar de tudo isso.
Pode ser de carro, ônibus, a pé. Preparem-se! Sacudam a preguiça pra lá porque o mês de julho vai ser movimentado. Peguem seus cadernos para criarem diários de viagens, câmeras para tirarem fotos e abram os braços para as novidades. Esqueçam essa coisa de estar sempre com o cabelo penteado, abram a janela e sintam o vento no rosto, deixem seus cabelos se embaraçarem na dança. Estamos guiadas pelo cruzeiro do sul e é mais que hora de sentir o gostinho de poeira de estrada de novo.
E, pra vocês sentirem um pouquinho o clima dessa estrada, deixamos pra vocês um poeminha em diálogo com Clube da Esquina, um dos álbuns brasileiros com mais gosto de terra batida e que muitas de nós aqui da Capitolina escutávamos desde cedo, em viagens de carro, com nossos pais – e, provavelmente, muitas de vocês também.
Bandeira de saída
Dessa vez, não peguei o trem azul.
Fui pelas estrada mesmo
com sol céu ‘cê na cabeça
e essa mania de procurar
o na-verdade-não-sei-quê
mas isso é tudo o que eu podia ser.
Não minto: tive medo
do cais dos pais do mais
o jamais.
Não me deixe em paz.
Fique aqui ali venha junto
venha perto venha incerto,
mas venha inventar.
Talvez eu seja mais sonhador
que andarilho
nem sei meu caminho
nem sei o que trilho
desconheço minha tralha
não fui feito pra malha ferroviária.
E esqueço
e me desnudo
de tudo
mudo.
E continuo por essa estrada
sem carona
sem parada
sem ne mesmo muita água.
Só
poeira no ar sapato pra gastar
Clube da Esquina pra cantar.
Clara nasceu em 1994 no Rio de Janeiro, mas se mudou para São Paulo ainda pequena. Estuda Letras e sempre gostou mais de poesia do que de prosa. Ama arte moderna, suéteres e o musical Jesus Cristo Superstar. Aprendeu a fazer piadas com seu nome e sobrenome por sobrevivência. Em setembro de 2013, teve a ideia da Capitolina, a qual co-editou até setembro de 2016. Hoje em dia, ela escreve pra um montão de lugares. É 50% Corvinal e 50% Lufa-Lufa.
Lorena tem 26 anos e mora no Rio, embora tenha crescido nos subúrbios da Internet. Trabalha com análise de roteiros televisivos, avalia manuscritos literários, traduz e revisa obras em inglês e escreve por aí. É igualmente fascinada pelo gracioso e pelo grotesco. Adora filmes de terror, livros de fantasia, arte surrealista e qualquer coisa que não carregue o mínimo semblante de realidade. Tem empatia até por objetos inanimados e queria ser um urso ?•?•?
Sofia tem 25 anos, mora no Rio de Janeiro e se formou em Relações Internacionais. É escritora, revisora e tradutora, construindo passo a passo seu próprio império editorial megalomaníaco. Está convencida de que é uma princesa, se inspira mais do que devia em Gossip Girl, e tem dificuldade para diferenciar ficção e realidade. Tem igual aversão a segredos, frustração, injustiça e injeções. É 50% Lufa-Lufa e 50% Sonserina.