Quando eu estava no último ano do Ensino Médio vivia uma rotina cansativa e monótona. Além do colégio, eu fazia cursinho preparatório para o vestibular e passava a maior parte do dia dentro de uma sala de aula que não tinha nem janelas. Era um ambiente opressor, em vários sentidos, principalmente porque eu precisava tomar decisões sobre o meu futuro sem ter certeza do que realmente queria. Foi então que encontrei um lugar que me permitia explorar novos mundos sem me pedir nada em troca: Uma biblioteca comunitária que ficava bem no caminho entre a minha casa e o colégio.
Eu sei, parece difícil acreditar que uma biblioteca me ajudou a me sentir mais livre e menos entediada. Mas nos dias em que me sentia desestimulada passava alguns minutos passeando por entre aquelas estantes e percebia a quantidade de autores e modos de vida que desconhecia até que a curiosidade curasse o meu tédio. Eu era forçada a estudar vários assuntos que não me interessavam, mas ali eu poderia escolher o livro que eu quisesse, poderia ser uma biografia ou uma história em quadrinho, pegar emprestado, levar para casa e ler sem a pressão de ter gastado dinheiro ou a obrigação de aprender o conteúdo para uma prova. Os livros que pegava emprestado na biblioteca eram uma decisão só minha e não tinha problema se eu lesse 10 ou 300 páginas, com eles eu poderia apenas experimentar. Ler entre as aulas – e muitas vezes durante algumas, devo confessar – foi um modo de fugir da minha realidade, ao mesmo tempo em que descobria mais sobre o mundo e sobre o que eu gostaria de viver. O colégio me ensinava um futuro cheio de obrigações, mas a biblioteca me permitia sonhar acordada vivendo em uma livraria em Paris quando li Um livro por dia ou no País das Maravilhas junto com Alice.
Eu sei que as bibliotecas também podem ser um lugar opressivo com tantas regras e silêncio. Mas esses espaços não precisam estar sempre associados a pesquisas ou estudos chatos, porque são uma oportunidade para você iniciar buscas sem rumo por conta própria. Você pode pegar o primeiro livro que bater o olho ou passar horas procurando aquele livro que vai combinar com o momento que você está vivendo. Para mim, as bibliotecas são uma oportunidade para ser livre e apostar no acaso e nas descobertas.
Além disso, existem bibliotecas que fogem desse esquema tradicional de silêncio e seriedade como a Biblioteca Parque Estadual, recém reformada, no Rio de Janeiro. Essa biblioteca que é também um parque conta com diferentes ambientes, como o espaço do ócio, além de ter um cinema, exposições, shows e um jardim suspenso! A localização da Biblioteca Parque Estadual é muito boa – próxima a saídas do metrô e terminais de ônibus – e você pode se cadastrar gratuitamente e ter acesso ao acervo que conta com mais de 90 mil livros (que vai muito além dos clássicos da literatura, existe um espaço exclusivo para quadrinhos com vários mangás e HQs), 20 mil filmes e três milhões de músicas digitalizadas! Mesmo que você não goste muito de ler essa biblioteca vale pelo passeio!
Hoje em dia tenho muitos outros lugares preferidos que fazem minha vida alegre nos momentos difíceis e, infelizmente, frequento bibliotecas mais por obrigação do que por passeio. Mas mesmo assim, de vez em quando, depois de passar horas lendo por obrigação, me permito um momento de rebeldia: Vago sem rumo entre os livros que desconheço (e que nem deveria ter tempo para ler) e vejo se algum deles “me escolhe”. Acho que todo mundo deveria dar uma chance e se arriscar por esses labirintos. Eu queria fazer uma listinha com algumas bibliotecas legais, por isso pedi para algumas Capitolinas indicarem suas bibliotecas favoritas. Porém nosso país é muito grande e fica difícil dar conta de todas as regiões, você desculpa se não tiver nenhuma indicação da sua cidade? Tenho certeza que com um pouco de pesquisa, você encontra uma biblioteca ótima pertinho de casa – lembrando que bibliotecas são sempre infinitas independentemente do tamanho e da quantidade de livros que guardam.
Minas Gerais:
Biblioteca Murilo Mendes
Rio de Janeiro:
Biblioteca Parque Estadual
Biblioteca do CCBB
Rio Grande do Sul:
Biblioteca da Unisinos
Casa de Cultura Mário Quintana
Salvador:
Biblioteca Goethe
Biblioteca pública do Estado da Bahia
Biblioteca infantil Monteiro Lobato
Gabinete Português
Santa Catarina:
Biblioteca Municipal Professor Barreiros Filho
Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina
São Paulo:
Biblioteca Mario de Andrade
Biblioteca Narbal Fontes
Biblioteca São Paulo (dentro do Parque da Juventude)
Taís tem 25 anos e passa os dias entre livros, nas horas vagas dá lições sobre selfies para Kim Kardashian e aprende sobre o que foi e não quer ser com Hannah Horvath. Feminista deboísta, acredita no poder das sonecas, das migas e do mar acima de todas as coisas.
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