Quando eu era mais nova, fiz primeira comunhão; não porque eu queria ou porque acreditava no que aquelas aulas falavam, mas porque minha mãe e minha avó queriam que eu fizesse e eu, no auge dos meus dez anos, não pude contestar muito isso.
Muito tempo se passou desde essa época. Foram pouquíssimas as vezes que eu fui a uma missa depois disso, em raras ocasiões que eu preferia não ter vivido – como, por exemplo, a missa de sétimo dia da minha avó. A maioria das minhas visitas à igreja foram, na verdade, passeios para apreciar a arquitetura.
Bom, eu não estou aqui para falar de igrejas, e sim de Deus. Voltando lá na minha primeira comunhão, eu não conseguia acreditar no que me falavam. Eu não conseguia acreditar que Deus era uma figura a se temer, eu não conseguia acreditar que, caso fosse real, Deus teria características tão humanas e que fizessem dele (e peço desculpas aqui se isso for ofender alguém) meio babaca, querendo sempre se colocar acima dos outros e querendo que todos provassem sua lealdade cega a ele.
Por causa disso, passei anos falando que era ateia, que não acreditava em Deus e em nada e ponto final. Mas sabe, eu não estava 100% satisfeita com isso; eu realmente acho importante acreditar em alguma coisa, qualquer coisa. E foi então que eu comecei a pensar mais sobre isso.
Eu acredito em energia. Eu acredito que tem alguma energia que fez tudo acontecer da maneira que aconteceu e eu acredito que “estar no lugar certo, na hora certa” não pode ser mera coincidência. Eu olho para trás na minha vida e consigo ver que tudo o que aconteceu nela, mesmo as coisas ruins, levaram a momentos que me marcaram e que mudaram quem eu sou, e eu não acredito que isso seja “só” a vida. Eu acredito realmente que isso é energia.
E eu acredito que Deus é, portanto, uma espécie de energia. A energia mais forte do mundo inteiro, talvez. Acredito que Deus não tenha como ser personificado e que, portanto, ele não seja capaz de se colocar como superior nem exigir que alguém acredite nele. Meu Deus, portanto, nem pode ser considerado um Deus, eu acho. Ele é só toda a energia que o universo carrega e que está presente em tudo. E eu acredito que todos nós somos apenas energias habitando corpos, e que quando a gente morre a gente volta a fazer parte de uma grande energia coletiva. É um conceito não tão simples, mas é o que melhor explica como me sinto em relação a imensidão que é o universo e ao conceito de Deus.
Marina tem 25 anos, mora em São Paulo, é formada em Audiovisual e cursa Produção Cultural. É apaixonada pela cor amarela, por girassóis e pela Disney. Ouve música o dia inteiro, passa mais tempo do que deveria vendo séries e é viciada em Harry Potter (sua casa é Corvinal, mas reconhece que tem uma parte Lufa-Lufa).