Nós já dissemos: selfie é se descobrir, afirmar, empoderar – selfie é um statement 2.0. Selfie é legal porque, ao mesmo passo em que é irrefutável (tá ali, é uma fotografia, uma impressão do real), pode ser completamente fabricada (quantos cliques, quantos filtros, quantos retoques até chegar lá?). A dúvida que permeia esse nosso agora: nós queremos mesmo que o virtual seja só um espelho do real? Tem tanto vácuo aí no meio, tanta coisa a ser discutida.
Chato é quando, depois de um parágrafo introdutório assim bonito e baudrillariano, todo esse potencial de discussão culmina num ponto baixo com um cara dizendo que seu enquadramento é revelador demais, que sua maquiagem tá exagerada, seu decote é demais, posar com controle não pode e você NÃO É GAMER DE VERDADE!!!!!!1
Vamos discutir realidades, vamos começar por admitir que o que incomoda é a materialidade ver os ícones sacros da cultura gamer em outras mãos que não as suas. O visu ou o nível de dificuldade dos jogos só são subterfúgios para invalidação.
Em verdade vos digo que vereis o decote aberto das mulheres jogando videogame.
A impessoalidade das revistas de detonados e walkthroughs em arquivo .txt perde espaço para o streaming e canais do YouTube. Veja, se a tecnologia faz cada vez mais parte das nossas vidas é natural que nós façamos mais parte dela. Esse cenário faz com que as Reviews (sisudas, profissionais e compradas) dos grandes portais percam relevância frente aos comentários de perfis na Steam, aos vídeos pessoais, à experiência dos usuários. Quem joga é indissociável do jogo.
Abraçai o que é bom na democratização da internet.
É aí que sobra algum espaço, entre a autocuradoria extrema e a superexposição, para fazer política com os próprios posts, vídeos e selfies. É tão legal ver outras mulheres jogando: