A conquista do espaço pela humanidade é um dos nossos grandes sonhos. Colonizar outros planetas, mega estações espaciais, conhecer outras formas de vida… tudo isso tá no nosso imaginário, e é intrinsecamente ligado à história da raça humana.
Uma das coisas que faz da gente essa raça “exclusiva” é a ideia de categorizar tudo. Afinal, a partir do momento que a gente se entende como diferente do outro, já foram criadas duas caixinhas: o eu e o ele, o aqui e o lá, o dentro e o fora. Tudo na nossa sociedade, na nossa cultura, parte dessa premissa. Normal, né? É a única forma que a gente consegue entender o mundo. O nosso cérebro funciona dessa forma, por categorização, por associação. Assim que a gente sabia, lá no início, quem era predador e quem era presa. Os humanos tinham memória. E isso foi nos dando “vantagem”, e fomos nos espalhando que nem praga por todo o mundo. Essa necessidade de categorizar tudo, no entanto, acaba muitas vezes dificultando que a gente veja um contexto de forma mais ampla.
É muito louco como a gente sempre pensa no universo como “o resto”, quando na verdade ele está.. aqui. Nós estamos, a todo o momento, no espaço. Sempre, sem exceção. Já reparou? Não existe “lá fora”. É tudo parte da mesma coisa! Uma das teorias de como a vida começou na Terra envolve material vindo de meteoros. Nós só existimos por que existe o espaço. O “lado de fora” não tem um limite como mostravam os livros de geografia. Claro, tem uma atmosfera separando as coisas. Mas ela não é uma redoma fixa – ela é gás!
O desejo de enfrentar o desconhecido parece esquecer que, não importa o quanto se viaje, o referencial sempre vai ser o eu. Mesmo que pareça tudo incrível e fascinante, a gente nunca vai conseguir escapar desse lado da caixa.
Num mundo ideal, não existiriam categorias pra nada. Mas, infelizmente, isso é impossível de acontecer. O que dá pra fazer, no entanto, é tentar expandir a caixa. Quanto maior a sua caixinha, mais formas de ver o mundo, mais coisas diferentes, mais associações e categorias sua cabeça vai criar. Se a gente conseguir pensar em termos mais amplos do que eu versus o outro, dá pra pensar diferente. Não que tudo seja uma coisa só, isso é assustador demais dentro de uma cultura que preza tanto pelo indivíduo. Se tudo é uma coisa só, nada é coisa nenhuma – o ego não aguenta isso. Mas sim pensar que tudo é tanta coisa, que são tantas caixinhas, que no final das contas tem um pouco de tudo em cada caixa.
Nada, nem ninguém, é uma coisa só. A Terra faz parte do Universo. O espaço faz parte de cada um de nós. Já é um tremendo clichê, mas a gente é, literalmente, poeira das estrelas.
Verônica, 24 anos, estuda cinema no Rio de Janeiro. Gosta de fazer bolos, biscoitos e doces, e é um unicórnio nas horas vagas.