O Festival Internacional de Linguagem Eletrônica discute arte e tecnologia no maior evento do gênero no país. Acontece anualmente desde 2000 (bug do milênio!) e já virou um programa superpaulistano.
O FILE tem um apelo enorme: um monte de tela piscando, mouse, tablet, controle, botão, óculos de realidade virtual. Trata da cultura digital em todas as suas direções, do videogame ao gif, em instalações internas e externas, na fachada do prédio, na calçada e no metrô. É uma experiência interativa que se propõe diferente daquela sisudez silenciosa de uma exposição ou museu de arte.
Não tão diferente assim, uma pena. O festival não faz jus à sua proposta, toda interação fica restrita ao espaço físico da exposição, que não se integra à internet como pede a era do social media. O público já não é espectador inerte, e arte (sobretudo eletrônica, tech, digital) que não reverbera nas redes vai deixando de fazer sentido. É preciso perceber que as maneiras de fruir e conversar com a arte, ou com todo o mundo, vem mudando e a lógica de museu não a contempla mais. Eu fico mais entediada a cada visitação, e, bom, preferia estar no Tumblr.
A impressão que fica é de que o FILE 2015 foi muito mal resolvido, um meio-termo entre feira de tecnologia de ontem (equipamentos camuflados como caixas pretas, tablets que não suportam bem os jogos expostos, interfaces expositivas ruins, obras que não funcionam) e exposição de arte que não se leva a sério o suficiente (edições repetitivas, curadoria confusa ofuscando as obras, legendas bagunçadas e o pecado maior, o uso exclusivo da tecnologia como veículo e não como tema a ser discutido).
Dito isso, seguem meus favoritos: FOTONICA, Monkey Fortunetell, as maluquices do Vince McKelvie e o brasileiro Chroma Squad.
O FILE 2015 continua em cartaz até 16 de agosto no Centro Cultural FIESP na Av. Paulista e costuma rumar para algumas outras capitais, mas, como o site deles também é imperdoavelmente ruim, não descobri quais ou quando.