Em 1970, quando Francesca Woodman tinha 13 anos, ela tirou sua primeira “selfie” (na verdade era um autorretrato, mas é divertido pensar nesse termo) com uma câmera que foi presente do pai.
Francesca Woodman nasceu em uma família de artistas que incentivaram os filhos a produzirem. Até sua morte em 1981, aos 22 anos, ela continuou a fotografar, tendo ela e outras mulheres como modelos e produzindo uma coleção de 800 fotografias, dentre as quais 120 são conhecidas pelo público, enquanto as outras permanecem guardadas pelos administradores de seu acervo. Durante a faculdade, Francesca passou um ano na Itália, e como já falava italiano, teve facilidade em interagir socialmente no país, conhecendo muitos artistas do movimento Surrealista e Futurista da época, o que influenciou sua produção.
As fotografias de Francesca Woodman exploram temas como resistência, fragilidade e a nudez do corpo humano, principalmente o feminino, em contraste com os cenários rústicos ou de aspecto abandonado que ela criava. Por causa da técnica que Francesca utilizava — fotografias de longa exposição —, seus autorretratos raramente mostram o corpo de Woodman definido e exposto. Normalmente são borrões — como de fantasmas — ou seu corpo é coberto por algum objeto ou tecido. As fotografias passam uma sensação de vulnerabilidade, principalmente aquelas em que Francesca parece camuflada no cenário.
Normalmente, quando escrevem sobre a artista, falam sobre seu suicídio, aos 22 anos. Não gosto muito de lembrar dela assim, porque quando vejo sua obra, não prevejo sua trágica morte. Vejo uma artista jovem que produziu um trabalho poderoso e que ressoa com a geração que vivo, uma geração que tanto aprecia o autorretrato.
Existe um documentário sobre os Woodman, que infelizmente não encontrei com legenda, mas que pode ser assistido na íntegra. O trailer está aqui.
A Lou Louisky é uma artista brasileira que me lembra o trabalho da Francesca Woodman. O trabalho dela está aqui.
Rebecca Raia é uma das co-fundadoras da Revista Capitolina. Seu emprego dos sonhos seria viajar o mundo visitando todos museus possíveis e escrevendo a respeito. Ela gosta de séries de TV feita para adolescentes e de aconselhar desconhecidos sobre questões afetivas.
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