faz tempo
um poema que expresse
amor
só o amor, sem tempos duros
sem pratos quebrados na parede
e a angústia das lâmpadas
pensei
que estivesse o corpo intacto
que já não sentisse nada mas
o amor, esse escafandro
escancarado
crescendo as plantas marinhas
a gente deu as mãos
pensei de brincadeira
não consigo escrever esses versos
sem pensar em seu rosto
e seus cabelos
alguma coisa aconteceu
no meu organismo
não consigo imaginar alguém
que leia este poema
e não veja nele
o seu rosto e seus cabelos
meu rosto
meus cabelos.
Helena tem 20 anos e mora em São Paulo. É estudante de Letras, comunicadora, ilustradora, escritora e militante feminista. Na Capitolina, coordena a coluna de Literatura. Gosta de ver caixas de fotografias antigas e de fazer bolos de aniversário fora de época. Não gosta de chuva, nem de balada e nem do Michel Temer (ugh).