Faço dos meus ombros
Cantinho de desassossego
Pousam passarinhos
Borboletas
E segredos
Repouso suas lágrimas no meu colo
E a tristeza do horizonte
Nos meus cabelos
E como se fossem água de chuva
Liquido
Aquilo que há pouco
Estava nos meus piores pesadelos
Repouso
A contra colo
Mexo por dentro
Desfaço e imploro:
Para dentro do lixo essa culpa
Que nos faz de acessório!
Repouso
São meus ombros
Para o teu rostinho triste,
Cansado e molhado
Quando a pele arde
E o riso não sai
Repouso
Desenvolvo
Nos envolvo
Falo
Desfaço
Os pés se encontram descalços
As mãos dadas no percalço
Repouso
Entre os seus braços
Virei pôr-de-abraços
Enquanto você é poente de lágrima que seca
Para virar riso, barulhento como raios
Escândalo
Na estrada dos desavisados:
Abram os caminhos!
Os sorrisos dessas moças, enfim, vão passar.
Fernanda Kalianny Martins Sousa , 26 anos, fez Ciências Sociais na USP e cursa doutoraddo em Ciências Sociais na Unicamp. Adora ler sobre aquilo que informa e complementa sua formação enquanto ser humano, então sua área de estudo tem tudo a ver com aquilo que sente ou é (estuda raça, gênero e sexualidade). Escreve poemas e acredita que sempre será "amor da cabeça aos pés". O coração, intensidade e impulsividade controlam quase todas as ações. Ama apaixonadamente e vive as paixões da forma mais cheia de amor possível. Antes que sufoque com o que fica para dentro, coloca tudo no papel.