Os artistas de rua têm uma função muito importante na sociedade, eles quebram e queimam todas as catracas físicas e imaginárias entre a arte/artista e o público.
Ao andar pelos centros das cidades não é muito difícil avistar um artista fazendo algo fantástico. Músicos, atores, palhaços, acrobatas, malabaristas, artesãos e muitos outros costumam colorir ruas e bordar sorrisos nos rostos das pessoas que já estão sufocadas pela rotina, ou até mesmo dar tapas na cara dos cidadãos ao trazer milhares de questões existenciais e políticas (o que é, em si, UMA das funções da arte. Arte não serve só pra entretenimento).
Na rua, todo público é alvo; mães, filhos, tios, cachorros, empresários, moradores de rua, outros artistas etc. Todos no mesmo plano, sobre o mesmo chão, contagiados pela mesma coisa (de formas diferentes, claro!). A rua é um grande palco aberto que sempre cabe mais um (tipo um coração de mãe), e quando algo vai na contramão do cotidiano e da monotonia da metrópole, olhos curiosos já estão ali prontos pra devorar os próximos acontecimentos. Lá estão eles, engravatados, descalços, parando o trânsito, com os olhos brilhantes, só pra ver o que há de novo naquele pedacinho da cidade que o artista escolheu pra fazer de palco.
Mas ao mesmo tempo que os artistas roubam a cena da rotina em cidade grande (ou pequena), encantam e causam coisas muito doidas na gente que nem a gente mesmo consegue descrever direito, eles são pouco valorizados. Vivemos numa sociedade onde o artista em si não é valorizado. Quando a gente fala de artista de rua, já pensamos logo que é um ser menor que o artista que trabalha em grandes galerias, se apresenta em grandes teatros etc. Às vezes até cometemos o crime de achar que pelo fato de ser a céu aberto, deixa de ser arte. Certo dia li no blog da Trupe Baião de Dois que Arte é Arte, independentemente de onde é feita, e que chapéu do artista de rua não é esmola.
Sabemos que, não é todo mundo que sobrevive de energia prânica, certo? O artista rueiro tem contas a pagar, tem que comprar comida pra ele, pro gato, cachorro ou filhos (caso tiver um dos três), precisa de uma cama pra dormir e de grana pro rolê (assim como você). O valor de uma apresentação de rua é espontâneo, você põe o que pode e o que acha justo dentro do chapéu. É a mesma coisa que ir ao teatro/cinema, mas daí você não é obrigado a pagar pra entrar, você paga depois, entende?
O malabarista que se apresenta no sinal, o palhaço que entra em cena na praça, o grupo de teatro que faz a peça na rua, o dançarino e o músico do metrô, eles podem fazer o que fazem por amor, mas infelizmente não dá pra sobreviver só de amor num mundo capitalista. Então: valorize o artista de rua.
Viva a arte rueira! Viva o circo! Viva a arte e cultura!
“A arte é uma arma carregada de futuro.” – Noviembre
Sugestão de filme: Noviembre 😀