Não tinha como escapar das receitas de família perto do Natal, né? Ainda mais com o tema deste mês sendo justamente esse: família. Ao longo do mês, todas nós vamos compartilhar receitas familiares e natalinas com vocês, e quem sabe assim vocês não tomam coragem pra começar a participar mais da ceia da família de vocês. Eu, por exemplo, passei de mera espectadora a chef principal em alguns anos (hoje em dia sou responsável pelo peru – imaginem vocês a responsabilidade), e isso só aconteceu porque eu comecei a fazer pré-natais aqui no Rio com os meus amigos – com as famílias que eu escolhi.
E eis que uma das minhas melhores amigas acabou de sair da casa dos pais e alugar um ap com o namorado. Com toda essa correria de fim de ano, eu ainda não tinha conseguido fazer uma visita, então combinamos de fazer um jantar de Natal no início dessa semana. A Julia, que fotografou este tutorial, também é minha família no Rio. Quer dizer, ela e a família dela. Logo no início da faculdade (e hoje ainda), sempre que meu coração apertava por algum motivo eu despencava na casa dela, só pra poder sentar na mesa do jantar e conversar sobre o dia com sua mãe, seu pai e seus irmãos, e depois ir pra sala pra ver alguma coisa na TV e papear. Os Barbosa salvaram minha vida algumas vezes.
Aproveitei o momento sentimental e dei de presente pra Julia os primeiros enfeites pra árvore de natal dela, a primeira que ela vai montar “fora de casa”, ou na sua própria casa (é complicado esse conceito de casa, viu?). Enfim, é uma boa dica de presente: fácil de achar (ou de fazer) e muito simbólico.
Mas vamos lá. Farofa de Neston e Maminha na pressão com cerveja preta. Comida Natalina, comida fácil. Já vou passar os ingredientes, mas antes duas coisas: a farofa fica igualmente maravilhosa sem o bacon (eu mesma já fiz sem várias vezes), e eu sugiro que as vegetarianas substituam essa receita da maminha por Carne moída de soja, que eu já ensinei aqui. Essa farofa também vai muito muito (MUITO!) bem com as aves que comemos no Natal. E não, não fica doce. Fica crocante e salgadinha e incrivelmente deliciosa.
Farofa de Neston
– meia lata de Neston (pode fazer a lata inteira, é só aumentar um pouco os outros ingredientes e fazer numa panela gigante.)
– 1/3 de um tablete de manteiga com sal
– 250g de bacon picadinho
– sal a gosto (cuidado, porque o bacon já é salgado e a manteiga idem)
Maminha na pressão com cerveja preta
– 1 peça de maminha de mais ou menos 1kg
– 1 caixinha de molho de tomate
– 1 latinha de extrato de tomate
– 1 cerveja preta (logneck)
– 1 cebola bem grande
– algumas batatas (melhor se for aquela baby potato, mas se não tiver, como foi o caso desta vez, procure as menores e as corte no meio)
– alguns dentes de alho
– sal, pimenta do reino e temperinhos secos a gosto (o que tiver)
1. Tempere a carne com sal, pimenta do reino, azeite e quaisquer temperinhos secos que estejam dando sopa pela cozinha e você curta. (vinho só pras maiores de idade, ok?). Aproveite também pra picar tudo que tem que picar: o bacon, a cebola, o alho e as batatas).
2. Frite o bacon numa frigideira grande (essa era a maior que Julia tinha, mas o ideal é uma maior).
3. Quando o bacon estiver bem crocante, escorra com uma escumadeira e transfora pro papel toalha, pra absorver a gordura. Na mesma panela, coloque a manteiga e deixe derreter um pouco, no fogo médio pra baixo, pra ela não escurecer.
4. Vá jogando o Neston aos poucos e misturando. No início você jura que vai empapar e virar uma gororoba, mas rapidinho ele começa a secar e escurecer. Mexa bem pra não queimar, e vá jogando pitadinhas (inhas) de sal aos poucos.
5. Quando estiver dessa cor, um dourado meio amarronzado, está pronta. Aí é só misturar o bacon (ou, se você for uma das cinco pessoas no mundo que gosta dessa coisa horrível [*calafrios], jogue umas passas).
6. Agora vamos à carne. É preciso selar a carne antes de tudo, então lance um naco de manteiga ou um fio de azeite na própria panela de pressão, deixe esquentar bastante, e aí tasque a carne la dentro. Não douro a cebola antes pelo simples motivo de que ela vai chorar muito (é muita cebola), e aí ia demorar muito mais pra carne selar. Como a cebola vai “sumir” depois de uma hora na pressão, eu não ligo de colocar depois, e acho que a carne fica mais bem selada assim.
7. Depois que a carne estiver douradinha de todos os lados, jogue a cebola e o alho e deixe refogar um pouco (faltou foto desse passo). Aí é só jogar todos os outros ingredientes (menos a batata), na ordem que você quiser, de qualquer jeito. É fácil assim. Feche a panela e espere pegar pressão. Depois que pegar, conte meia hora. Nesse meio tempo, dê umas duas sacudidas na panela, de leve só pra carne não grudar no fundo.
8. Meia hora depois você abrir pra dar uma checada e colocar as batatas. Vire a carne, prove o molho (que já vai ter engrossado um tanto) e jogue as batatas. Eu também sempre coloco um copo de água, pra ter certeza de que não vai grudar/queimar o fundo. Feche a panela e conte mais meia hora. De novo, dê uma sacudidas de quando em quando pra não grudar o fundo.
Sem medo de tirar a pressão da penela, gente. É só levantar o pininho com um garfo e esperar sair todo o vapor. Depois disso a tampa abre sem você fazer força.
9. Voilá! A carne está desmanchando e o molho aquela delícia grossa e saborosa. Pesque a carne e a coloque numa travessa pra desfiar, depois vire o molho (e as batatas, que também vão estar desmanchando) em cima.
10. Agora é só botar a mesa e ser feliz, gente (mais uma vez lembrando que o vinho é +18, ok?).
Só esquecemos de tirar uma foto nossa. Então, em homenagem à nossa amizade, que já está fazendo 10 anos, pesquei aqui do fotolog (risos, choros) essas duas belezinhas (2006 e 2007, respectivamente):
Luiza S. Vilela tem 28 anos e mora no Rio, mas antes disso nasceu em São Paulo, foi criada em Vitória e viveu uma história de amor com Leeds, na Inglaterra, e outra com Providence, no Estados Unidos. Fez graduação em Letras na PUC-Rio e mestrado em Literatura e Contemporaneidade na mesma instituição. É escritora, tradutora, produtora editorial e acredita no poder da literatura acima de todas as coisas.