Assim como quem não quer nada, um dia passando pelo Netflix, resolvi começar uma série nova. Maníaca por séries como eu já sou, da maioria que tinha ali: ou eu já tinha visto, ou não sabia muito bem se queria começar a ver. Lembrei-me que uns dias antes, uma amiga tinha me dito “Vê essa série, é muito boa”, enquanto apontava para um thumbnail esquisito, branco, com um par de olhos e meias bocas. Resolvi então começar a ver Orphan Black (2013). Não tinha muitos episódios, somente dez compunham a primeira temporada. Pensei que ia ser uma boa série de ver em uma semana ou duas.
Mal sabia o quão enganada eu estava… Depois de passar doze horas quase seguidas em frente ao computador, já tinha assistido a toda a primeira temporada. Uma série tão brilhante, que me faria estar atualizada em suas duas temporadas em uma só semana, isso porque eu trabalhei e estudei nos outros dias.
Você quer genética? Você quer clonagem? Você quer feminismo? Quer cenas de suspense? Mulheres assassinas? Mulheres donas de casa? Mulheres cientistas? Transgênero e bissexualidade? Tudo isso você encontra nessa mesma série. Como não quero enchê-las de spoilers, vou dar uma breve história sobre por que você deve assisti-la o mais rápido possível.
Tudo começa quando Sarah Manning, uma das 28376354675 personagens da incrível atriz Tatiana Maslany, chega à cidade, depois de quase um ano longe de sua filha Kira, e vê uma mulher muito parecida com ela se suicidar em uma estação de trem. A partir daí, Sarah toma a identidade de Beth Childs, que, por ser órfã, ela acredita ser sua irmã gêmea. Imagina a surpresa quando, de repente, Sarah se vê frente a frente com mais algumas mulheres fisicamente idênticas a ela.
Basta dizer que, até elas conseguirem entender um relance sequer dessa confusão toda, aprendemos muito sobre cada uma das outras personagens dessa trama.
Alison Hendrix, clássica mãe de subúrbio americana, que tem dois filhos adotivos e problemas com álcool e remédios controlados.
Cosima Niehaus, incrível PhD em microbiologia, que estuda biologia evolutiva do desenvolvimento, personagem baseada na própria consultora de ciência da série, Cosima Herter.
Helena, clone treinada para matar suas irmãs por um grupo de fanáticos religiosos, e sem dúvida uma das melhores personagens da série.
E Rachel Duncan, criada pela outra face do mal, única delas que sempre soube que era uma clone.
Independente do posicionamento de cada uma, podemos ver o quanto as personagens são empoderadas na sua própria maneira. Elas sabem se defender sozinhas se precisarem, mas também conseguem contar umas com as outras se precisarem de ajuda. São despidas daquele ar da mocinha indefesa, e ainda são estrelas do rock no que diz respeito a cada um dos seus poderes.
As mais variadas discussões surgem durante o andamento da série. Tanto sobre a ética da clonagem, como isso acaba afetando a vida de cada uma delas e dos outros ao seu redor, entre tantos outros dilemas que nos são apresentados. Além de ser uma série divertida de assistir, com vários clímaces e reviravoltas, podemos aprender mais sobre genética e ver como cada personagem lida com suas angústias e seus percalços.
Corra para ver a série logo, antes de sua volta, dia 18 de abril!
Sol em gêmeos, ascendente em leão, marte em áries e a cabeça nas estrelas, Nathalia, 24, é uma estudante de Design que ainda nem sabe se tá no rumo certo da vida (afinal, quem sabe?). É um grande paradoxo entre o cult e o blockbuster. Devoradora de livros, apreciadora de arte, amante da moda, adepta do ecletismo, rainha da indecisão, escritora de inúmeros romances inacabados, odiadora da ponte Rio-Niterói, seu trânsito e do fato de ser um acidente geográfico que nasceu do outro lado da poça. Para iniciar uma boa relação, comece falando de Londres, super-heróis, séries, Disney ou chocolate. É 70% Lufa-Lufa, 20% Corvinal e 10% Grifinória.
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