Estado laico é aquele que não adota uma religião oficial, um ponto importante na estrutura de um estado democrático de direito. Brasil é um, dizem. A questão é que, ao mesmo tempo que a nossa Constituição separa o Estado de religião – aparentemente de algumas, tendo em vista que aquelas fundadas no Cristianismo sempre estão fortemente presentes -, ela prevê a garantia de que esse mesmo Estado assegure o direito de expressão religiosa. E, para variar, a que se expressa com maior aceitação social é a cristã.
Há dois conceitos um pouco mais aprofundados sobre ‘laico’: laicidade e laicismo. A laicidade seria um Estado que não professa religião oficial, mas garante a multiplicidade de credos ou não (ateus), se colocando como neutro, mas com respeito aos mesmos. Já o laicismo é a antirreligiosidade, o que não é nosso caso no Brasil. Muitos cristãos têm alegado que ações como pedido em juízo para remoção de símbolos cristãos em prédios públicos seja um traço de laicismo. Podemos concordar que tal alegação é, no mínimo, absurda?
O Brasil é um país majoritariamente católico, seguido por igrejas conhecidas como evangélicas, que também são cristãs. Dia de santo pode virar feriado, cruzes são espalhadas em prédios nos quais se concentra atividade dos poderes do Estado laico, procissão para as ruas, enfim, para onde olhamos há expressões culturais cristãs amplamente espalhadas. Como se não bastasse, quando utilizados símbolos cristãos em contextos diversos vira Cristofobia e, para isso, basta a comunidade cristã decidir que é, como se milhares de jovens cristãos morressem espancados anualmente por conta de seu credo. Que preconceito sofrido, hein?
Nosso país adota a laicidade, porém ela está falha. Se queremos um Estado livre de influências religiosas, mas que se mantém neutro perante a diversidade de religiões e crenças (ou ausência destas), passou da hora de garantir a mesma proteção para o candomblé, espiritismo, etc. Se a nossa laicidade não abrange todos, numa democracia, este não passa de um Estado beirando o Cristianismo de forma disfarçada. Não somos tão laicos quanto diz a Constituição, afinal.
Priscylla. Apaixonada por seriados, kpop, reality show ruim, Warsan Shire e as Kardashians. Odeio o Grêmio e cebola. Prazer, pode chamar de Prih agora.