Pensa aí: qual foi sua última postagem numa rede social? O café da manhã? Aquele prato lindamente montado do almoço? Um podrão? Uma selfie com uma legenda de ‘auto exaltação’? Um repost de uma frase? O último vídeo fofíneo de um gatíneo ou catiorro? As possibilidades são infinitas, até porque talvez a sua postagem nem esteja listada aqui em cima. Já parou para pensar que cada coisa dessa que espalhamos no mundo virtual é um capítulo da nossa história, que se abre para quem nos acompanha, curte e compartilha, claro. Pensando por esse lado, cada um de nós já começou a escrever uma autobiografia.
E não é que rolou, gente!
Esse caráter documental da parada está dentro de uma história sobre nós que queremos contar e repassar. Afinal, enquanto eu escolhia postar a foto da minha primeira fornada de pãezinhos (sim, eu estava muito orgulhosa!), várias outras opções eu descartava porque, naquele momento, queria falar sobre meu gosto pela cozinha.
Nessa época, eu estava empenhada: teve pão, arroz cremoso, clara em neve batida na mão…
Compartilhar é isso, né?! Para cada foto que fazemos o upload, quantas outras ficaram para trás, no limbo do nosso rolo de câmera? Eu tive a fase das selfies (mas acredita que nunca uma selfie no espelho? E sim, eu tenho selfies no espelho), das paisagens, das frases motivacionais, da comida, dos filmes, do recordar é viver… Ixiii, são fases para serem compiladas em volumes. A minha atual fase, entretanto, seria uma página em branco nos meus livros com essas memórias compartilhadas.
Não disse que tinha de tudo um pouco!
Fui tomada por uma crise de consciência e ansiedade. Veja bem, já ouvi de uma amiga: “ninguém conta derrota nas redes sociais”. E é meio que verdade, né!? Eu, então, parei para pensar sobre esse recorte que fazemos das nossas vidas nas redes, especialmente sobre o que eu estava fazendo. Quase sempre, de uns tempos para cá, quando estou perto de apertar o publicar ou compartilhar, pergunto-me: “qual a razão de eu estar compartilhando isso?”. A resposta não vem. Então, apago o post antes de ele chegar às timelines amigas. Talvez seja isso: quais histórias quero contar agora?
O uso espontâneo das redes já foi para as cucuias faz tempo. A gente repete os cliques até achar a melhor luz, o melhor ângulo, a melhor pose, o cabelo estar com o penteado ideal, maquiagem retocada… Depois, tem que colocar uma legenda que chame a atenção; nem muito longa nem muito curta; que tenha humor… Pensando que empresas usam nossas redes sociais para avaliarem como a gente se comporta, podemos ficar travados para escolher bem a foto ou para comentar qualquer assunto que venha na telha. Já vi até quem use uma regrinhas mais comerciais para postar: dá intervalo entre as fotos, não posta no mesmo cenário. Confesso, fiquei chocada.
Para que esse fosse compartilhada, algumas (muitas) outras foram feitas e descartadas. Quase um ensaio! :O
Nenhum choque suficiente, entretanto, para deixar de lado o vício de ver e ser vista. Mas, como falei ali em cima, estou num momento de crise com minha imagem virtual, e com minha atuação nas redes. Percebi que ficar ali observando a vida alheia, ou melhor, a história que cada um conta nas redes, estava me deixando cada vez mais ansiosa. Isso era ruim porque eu estava num momento de muita ansiedade. Talvez veio daí a minha dúvida sobre o que postar nos próximos capítulos, já que isso também contribuía para eu ficar ansiosa: quem vai ver, quem vai curtir, por que fulano não curtiu, o que vão comentar… Eram muitas expectativas que eu criava e não sabia administrar. Sei que não estou sozinha, como você pode ler aqui. Então, dei um tempo. Por enquanto. Divirtam-se na minha “ausência” e logo nos vemos por aí de novo!
Oie! Eu nasci há alguns anos atrás (num dia de abril, em 1988), morei até os 19 anos em Colatina, um lugar quente no Norte do Espírito Santo, e vim para Niterói estudar Jornalismo. Saí da faculdade, mas não de Niterói e trabalho no Rio como repórter de TV. Gosto de escrever, ler, cozinhar, especialmente se eu não for comer sozinha, adoro ficar largada no sofá assistindo a séries/filmes/novelas acompanhada do namorado ou de amigos ou com todo mundo junto. Ah, e com um brigadeiro na colher!