Como (talvez) diria o seu avô: “Mas essa tal de internet veio mesmo para ficar, não é?” Hoje, difícil mesmo é encontrar alguém que discorde dessa frase. Embora o tipo de alcance das mídias digitais seja diferente das de broadcast, como a TV e o rádio, é inegável que a produção de conteúdo de entretenimento e a maneira como a gente o consome está diferente do que era há 10, 20, 30 anos. Ouvimos música, mas para que comprar ou baixar o CD se o serviço de streaming gratuito é de qualidade? Ainda vemos programas feitos para a TV, mas se tiver no Netflix melhor ainda! Lemos livros, mas aquela fanfic de Harry Potter também é daora, vamos combinar.
Com a descentralização da produção e dos veículos de divulgação, você deixa de ser tão dependente da “legitimação” dos grandes canais. Tipo, se a série da HBO não faz jus à minha vontade de ver um elenco mais diverso em sexualidade e etnia, com certeza existe em algum lugar uma webcomic ou websérie que vai ser mais alinhada com os meus gostos. E, embora isso não tire o peso da responsabilidade dos produtores de conteúdo massificado, não deixa de ser um alívio não precisar ser refém deles.
Dito tudo isso, talvez você já tenha um ou outro conteúdo para internet favorito. A gente também! Atualmente, não é incomum achar quem (como eu) consuma mais coisas feitas diretamente para a internet (tipo podcasts, vídeos pro YouTube, jogos gratuitos para navegador, webséries e webcomics) do que para as “mídias tradicionais”.
Fiz então uma lista com conteúdos bacanas que você pode já conhecer ou não. Na lista principal, vamos focar só em webcomics e webséries que são em português ou estão pelo menos parcialmente traduzidas. No finzinho tem o Lado B das recomendações, a maioria das quais não ficaram na primeira lista por questões da barreira da língua. Ficam registradas, de todo modo.
Aproveita para dizer pra gente quais são os seus favoritos que não entraram na lista! Afinal, existe muita coisa boa por aí!
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Webcomics
Webcomics são quadrinhos feitos para a internet, variando muito de estilos e gêneros. Alguns autores focam em tirinhas slice of life, enquanto outros produzem graphic novels de fantasia, por exemplo. Não é incomum que alguns comecem com trabalhos mega-amadores que vão se aperfeiçoando conforme os anos passam. Tem quem simplesmente publique histórias tradicionais na internet e existem aqueles que exploram as possibilidades únicas do meio digital.
Bear
Go Get a Roomie
Imagem: Go Get a Roomie de Chlóe C. Divulgação.
Gunnerkrigg Court
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Webséries
São produtos audiovisuais voltados para a internet. Existem desde os primórdios da popularização da internet, mas o YouTube facilitou muito as coisas. Como basicamente qualquer um pode produzir conteúdo, não fique esperando produções gigantescas e milionárias. Em vez disso, elas costumam a ser curtinhas e simples, com episódios que não ultrapassam os cinco minutos, mas muito mais íntimas ou voltadas para públicos específicos interessados.
Carmilla
Strolling
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Vale a pena conferir também:
Féminin/Féminin – Websérie. Tipo The L Word, se fosse feito em 2014, com menos clichês e tentasse ser meio documentário. Tá, provavelmente não tem nada a ver com TLW. (Em francês/inglês).
Hey Ash Watcha Playin’? – Websérie. Humor surreal e nonsense que zomba dos clichês dos videogames. Ashly, desde 2009 minha heroína<3 (em inglês).
I Love Lucy & Bekka – Websérie. Conversas entre duas migas (Kristolyn Lloyd e Gina Rodriguez) vivendo o começo de suas vidas adultas (em inglês).
The Amazing Adventures of Punny Parker – Webcomic. As desventuras amorosas de um Peter Parker criança. Apesar do nome gringo, é feito pelo brasileiro Vitor Cafaggi que disponibilizou todos os quadrinhos para download.
To be Continued – Webcomic. Mesmo num mundo em que super-heróis são a regra, todo mundo ainda precisa ter as suas responsabilidades mais mundanas. O mais incrível é o uso sagaz dos recursos interativos que só uma história em quadrinhos feita para a internet poderia ter (em inglês e italiano).
Welcome to Night Vale – Podcast de ficção. Na cidade americana fictícia de Night Vale, isolada no meio do deserto, coisas bizarras acontecem o tempo inteiro e o carismático narrador Cecil Baldwin descreve tudo para nós em seu programa de rádio. Transcrições para o português foram disponibilizadas por fãs.
Vanessa é carioca, mas aos 25 anos sente que o mundo é grande demais para se pertencer a só um lugar. Por isso, passa boa parte do tempo em paisagens imaginárias e planejando suas próximas viagens - que podem ou não acontecer (“As passagens pra Plutão ainda estão disponíveis, moço?”). Gosta de filmes da Disney e de musicais mais do que dizem ser aconselhável para sua idade. Quando não está pseudofilosofando sobre o papel dos videogames na cultura pop, pode ser encontrada debruçada sobre seu laptop, arrancando os cabelos por alguma história que cisma em não querer ser escrita.